A Grande Fraternidade Branca
É necessário, meus caros irmãos, dar-vos uma ideia clara sobre esta interna Ordem, esta Comunidade iluminada, espalhada por todo o mundo, porém conduzida por uma Verdade e unida por um Espírito.
Esta Comunidade possui uma escola, na qual todos que tem sede pela Verdade, são instruídos pelo Espírito mesmo da Sabedoria e onde todos os mistérios da natureza são reservados aos Filhos da Luz. Nesta escola é ensinado o completo conhecimento da natureza e da humanidade.
Dela saem todas as Verdades para o mundo; ela é a escola para todos que buscam Sabedoria e somente nesta Comunidade se acham a Verdade e a explicação de todos os mistérios. É a mais oculta de todas as Comunidades, porém os seus membros derivam de muitas esferas; não há também, no mundo, nenhum centro de pensamento, cuja atividade não fosse devida à presença de um de nós. Em todo o tempo as Escolas externas foram erigidas sobre as internas, sendo destas apenas a sua expressão externa. Por isso também sempre existiu uma Sociedade Oculta, uma União dos Eleitos, daqueles que buscam a Luz e são capazes de aceitá-la; essa União Interna era o eixo da Roda. ( R. O . T A ).
Tudo quanto qualquer Ordem Externa possuir de Símbolos, Cerimônias ou Rituais, é apenas a letra, a qual exprime fisicamente o Espírito da Verdade que reside no Santuário Interno. Igualmente a contradição do externo não será um obstáculo à Harmonia do Interno. Pelo motivo exposto, esse Santuário, composto de membros, às vezes muito dispersos, porém assim mesmo ligados pelo laço de um Amor perfeito, tem estado ocupado, desde tempos imemoriais, em construir, pelo desenvolvimento da Humanidade, o Templo que tornará patente o Poder da Luz (L. V. X. ) Esta Sociedade consiste na União daqueles que possuem o maior poder de receptividade para a Luz; estão amalgamados com a Verdade e o seu Chefe é a própria Luz do Mundo. V. V. V. V. V. (estes cinco V são as iniciais da Sua Divisa). O Ungido na Luz, o único Mestre da raça humana, o Caminho, a Verdade e a Vida.
Esta Ordem interna foi criada imediatamente após o reconhecimento primordialmente, pelo mais alto Adepto, do destino dos homens; este recebeu dos Mestres, em primeira mão, a revelação dos meios pelos quais a humanidade voltaria à posse do seu direito e pelos quais seria libertada da sua miséria. Ficou encarregada da guarda, originalmente, de todas as revelações e mistérios; foi-lhe dada à chave para a verdadeira Ciência não somente da divina como também da física.
No entanto, os homens multiplicaram-se. A fraqueza humana necessitou de uma associação externa, pois a maioria não tinha a capacidade de compreender as íntimas e grandes Verdades. Para estes, a união externa encobria a união interna e ocultava o Espírito e a Verdade pela simples letra. Foi por isso necessário objetivar.
Verdades internas em cerimônias visíveis, símbolos de coisas mais intimas, o chegarem à perfeição certa da Verdade íntima, espiritual. Todavia confiou-se sempre esta Verdade interna aquele que, em vida, mostrou Ter melhor propensão a iluminação. Este tornava-se o único guarda e dono daquele Penhor, como Pontífice do Santuário. Como já foi dito, tornou-se necessário materializar Verdades íntimas em cerimônias e símbolos externos, pois a debilidade dos homens não lhes permitia perceber a Luz da Luz. Com isso teve início o culto divino externo.
Não obstante este culto foi sempre o tipo ou símbolo do verdadeiro e oculto Sacramento. Não fosse a fraqueza da humanidade, sempre disposta a trocar o espírito pela letra, o culto externo nunca teria sido separado do seu deleite interno. Porém os Mestres estão atentos e descobrem em todo povo aqueles que estão aptos a receberem a Luz. Estes homens são utilizados como instrumentos, a fim de difundirem novamente, com humana habilidade, a Luz e reavivarem a letra morta. Assim s Verdades internas foram levadas para todos os povos e adaptados, no seu simbolismo, aos seus costumes, sua capacidade de instrução, ao clima e a sua susceptibilidade. Deste modo, os símbolos externos de toda religião, de todo culto, de todas as cerimônias e livros sagrados em geral, mais ou menos fortemente pronunciados, tem as Verdades íntimas do Santuário como objeto de ensino. Por esse ensino o homem é levado ao conhecimento universal da única Verdade absoluta.
Quanto mais estreitamente o culto externo de um povo permanecer ligado com o espírito esotérico da Verdade, tanto mais pura será a sua religião. Porém, se grande é a diferença entre a letra simbólica e a Verdade invisível, muito impura tornou-se a religião. Finalmente pode dar-se o caso da forma externa se ter separado completamente da Verdade interna, de modo que só restaram práticas cerimônias sem significado nem vida. No meio de tudo isso descansa inviolável, no seu Santuário interno, a Verdade. Fiéis ao espírito da Verdade, os membros da Ordem interna vivem na tranquilidade, porém em efetiva atividade. De tempos a tempos, conjuntamente com seu trabalho secreto e santo, eles se decidem a agir também, política e estrategicamente. Quando a terra se tornou quase completamente intoxicada pela grande feitiçaria, os Irmãos enviaram Mahomed, para que ele trouxesse Liberdade à humanidade, mesmo pela espada.
Como o sucesso fosse apenas parcial, apresentaram Lutero, para que ensinasse liberdade de pensamento. Brevemente, porém, essa liberdade transformou-se em grilhões mais pesados do que antes.
Em seguida os Irmãos por meios inenarráveis, deram à humanidade aquele que deverá entregar-lhe as chaves da Sabedoria e este será julgado pela sua obra. Esta Congregação interna, pertence à Luz, é a reunião de todos aqueles que são capazes de receber Luz e é conhecida como a Comunidade dos Santos. É o Vaso que contém, de origem, o que lhe foi confiado desde tempos remotos, toda a Força e toda a Verdade. Por seu intermédio, em todas as épocas. Formaram-se os Instrumentos da Luz - (L. V. X.) – passando do Interno para o Externo e imprimindo Espírito e Vida a letra morta, conforme já foi dito. Esta Comunidade Iluminada é a verdadeira escola da Luz, L. V. X. ; ela possui as suas cátedras e os seus professores, regulamentos para os estudantes, bem como classes e objetivos de estudo.
Tem também os seus graus para o desenvolvimento ininterrupto até grandes alturas. Esta Escola de Sabedoria foi sempre secreta e oculta do mundo, pois é invisível e está debaixo de direção Iluminada.
Nunca esteve exposta aos acidentes do tempo e a fraqueza dos homens, pois somente os mais hábeis foram escolhidos e quem os indicou não cometeu engano. Segundo os tempos e as condições, a Sociedade dos Sábios comunicava as sociedades externas os seus Hieróglifos Simbólicos, para que os homens penetrassem novamente no Santuário da Grande Verdade.
Todas as comunidades só se conservam pelo vigor desta Irmandade Interna. Quando uma daquelas associações externas pretende transformar o Templo da Verdade num edifício político, a Irmandade retira-se, só deixando para traz de si a letra morta sem o espírito.
Assim aconteceu que as sociedades ocultas externas não eram senão anteparos hieróglifos, sem, quanto que a Verdade permanecia intacta no Santuário, a fim de que jamais fosse profanada.
Nesta Comunidade Interna o ser humano encontra a Sabedoria e com esta Sabedoria tudo; não a sabedoria deste mundo, que é apenas conhecimento científico e se preocupa apenas com exterioridade sem atingir jamais o Centro onde reside toda a Força, porém a verdadeira Sabedoria, Conhecimento e Saber, o reflexo da mais alta Iluminação. Dela estão banidos toda contenda, todo debate científico e tudo quanto pertence aos míseros cuidados deste mundo, discussões infrutíferas, germens de opiniões que difundem semente da discórdia, todos os tipos de erros, todas as cisões e sistemas. Não são conhecidas nem a calunia e nem o despeito.
Somente o Amor é que reina. Não devemos, entretanto, imaginar que esta Fraternidade se assemelhe a uma outra sociedade oculta qualquer, que se reúne em ocasiões determinadas, elege chefes e membros e, é unida num designo qualquer.
Qualquer irmandade, seja ela qual for, deve ser classificada depois deste Círculo Interno e Iluminado.
Esta Comunidade não conhece nenhuma das formalidades que fazem parte dos círculos externos e que são obras do gênero humano. Neste Reino de Autoridade, desvanecem-se todas as formas exteriores.
L. V. X. é o Poder sempre presente. O maior Homem dos tempos, mesmo o Chefe, não conhece a todo tempo todos os membros, porém no instante em que se tornar necessário. Ele os achá-los-á e os tê-los-á imediatamente a mão.
Esta Comunidade não tem barreiras para o exterior. O que pode ser eleito. Será como o primeiro; ingressará sem presunção no meio dos outros e será recebido por estes sem desconfianças.
Quando for necessário que se reúnem os legítimos membros, estes se encontrarão e se reconhecerão com plena certeza.
Será inútil utilizar-se uma máscara; nem hipocrisia, nem fingimento poderão dissimular as qualidades características que distinguem os membros desta Comunidade. Todos as aparências sumirão, e as coisas se mostram em sua verdadeira feição. Um membro não poderá eleger um outro; exige-se votação unanime. Não obstante não estarem todos os homens predestinados, muitos dos predestinados serão eleitos, e isso logo que estejam aptos para a entrada.
Qualquer homem pode desejar a sua admissão, e todo aquele que já se achar nela poderá ensinar a um outro o desejar ser admitido; porém só o que possui a aptidão poderá ingressar.
Pessoas desprevenidas trarão desordem em uma Congregação, e desordem não é compatível com o Santuário. Deste modo é impossível manifestar-se o Santuário , pois a admissão não é uma forma e sim um fato.
A inteligência mundana procura em vão este Sacrário; também os esforços da maldade, pretendendo penetrar nestes grandes Mistérios, serão infrutíferos; tudo será indecifrável para quem não estiver maduro; não poderá nem ver, nem ler nada no Íntimo.
Quem estiver convenientemente preparado será admitido na Corrente, muitas vezes sem que achasse mesmo provável, e em tempo de que ele próprio nunca suspeitasse. Tornar-se apto deveria ser o único esforço de quem procura a Sabedoria.
Existem métodos pelos quais se poderá alcançar esta aptidão; pois nesta Santa Fraternidade se acham os tesouros da mais antiga e legítima Ciência da raça humana, bem como os Mistérios originais de toda Sabedoria. É a única verdadeiramente iluminada Comunidade que está de posse da chave de todos os Mistérios e que conhece o Centro e a Nascente de toda a natureza. É uma sociedade, que reúne Força superior com a sua própria Força, e se compõe de membros de mais de um Mundo. É a Comunhão daqueles que formam a República do Gênio, a Mãe Reinante de todo o Mundo.
Na verdadeira religião não existem seitas; preserva-te, portanto, de blasfemar o nome pelo qual um outro conhece o seu Deus; pois se o fizeres em Júpiter, injuriarás Jehovah e fazendo em Osíris, ferirás Jehoshua. Rogai e ser-vos-á dado! Batei e abrir-se-vos-á.
A razão do mal é o desejo de um para os Muitos ou o desejo dos Muitos para Um. Esse também é o motivo da alegria.
Porém o desejo de um para os outros apenas traz aflição; o seu princípio é fome e a sua morte fastio.
A ânsia da mariposa pelas estrelas poupa-lhe pelo menos o enfado.
Tenha fome, oh! Ser humano, pelo infinito, sê insaciável no infinito; assim acabarás enfim a absorver o finito e transformar-te-ás no próprio Infinito. Sê mais ávido que o tubarão, pleno de anseios e mais cheios de ânsias do que o vento nos pinheiros.
O peregrino fatigado continua q esforçar-se; o peregrino contentado deixa-se ficar parado. O caminho serpenteia pela encosta da montanha acima; toda a lei, a natureza inteira precisa ser superada. Consiga isso pela força d’AQUELE que está em si próprio, perante o qual lei e natureza são apenas sombras.
“A passagem da antiga para a nova época”
“Fazes o que quiserdes!” - deve ser a lei.
Como vós todos deveis saber, entramos numa nova época. Ao mundo foi concedida uma verdade mais elevada. Esta verdade está à disposição de quem queira aceitá-la conscientemente; é necessário, porém que, antes de ser compreendida, seja vivida; todos que aceitaram esta lei, experimentam diariamente e com crescente intensidade a sua beleza e perfeição.
A nova doutrina tem, primeiramente, uma aparência singular e a nossa razão não é capaz de compreender acima de uma certa fração do que ela realmente significa. Somente depois de termos vivido em conformidade a esta lei, aquela fração pode ampliar-se até a percepção infinita do todo.
Eu desejaria que participásseis comigo desta pequena fração da grande verdade, a qual me foi manifestada nesta manhã de Domingo. Eu desejaria que vós, si é da vossa vontade, que me acompanheis até além dos limites da passada era, e contemplásseis, num instante, a nova época. Se o aspecto vos agradar, permanecereis lá, porém também é possível que volteis temporariamente; no entanto, urna vez aberto o caminho, e evidente a via, estareis sempre na possibilidade de num instante, vos dirigirdes novamente para lá, bastando para isso que ponhais em harmonia com a verdade a vossa vista interna.
Sabeis perfeitamente que profunda impressão sempre nos causou a visão do nascer e do pôr do Sol, e de corno os nossos irmãos de passados tempos, vendo o Sol desaparecer à noite e surgir de novo pela manhã, edificaram todas as suas ideias religiosas sobre a concepção de um Deus agonizante, e que de novo ressuscita. Esse conceito ocupa o centro das religiões da passada época; nós, todavia e deixamos atrás, pois apesar de parecer estar fundado na natureza ( e os símbolos da natureza são sempre verdadeiros), nos elevamos acima deste conceito, o qual, em verdade, só é certo na aparência. Desde que esse grande Ritual do sacrifício e da morte foi imaginado e executado, ficamos sabendo pelas observações dos nossos homens de ciência, que não é o Sol que se levanta e se põe, porém que a terra sobre a qual vivemos gira de tal maneira, que a sua sombra, durante o tempo que denominamos noite, nos separa da luz solar. O Sol não morre, como imaginavam os nossos antepassados; ele resplandece sempre, espalhando luz e vida.
Deter-vos um instante e procurai fazer-vos uma imagem clara deste Sol, o qual brilha sempre, e como brilha cedo pela manhã. Brilha ao meio-dia, a tarde e até durante a noite toda. Percebestes claramente este pensamento?
Então passastes da antiga para a nova época. Vamos agora considerar o que aconteceu.
O que fizestes para compreender essa imagem mental de um Sol sempre resplandecente? Identificastes-vos com o próprio Sol. Ultrapassastes num instante a consciência deste planeta e vos considerastes nesse tempo como um ente solar.
Porque, pois, voltardes atrás? Talvez o tenhais feito involuntariamente, porque a luz era tão forte que vos pareceu escuridão. Porém fazei-o novamente, desta vez ainda mais integralmente, e estudemos as alterações que houve na nossa concepção do universo.
No instante mesmo em que nos identificamos com o Sol, começamos a compreender que nós mesmos nós tomamos a fonte luminosa, que nós mesmos agora resplandecemos como Sol, em glória e magnificência; notamos. Porém, uma circunstância, é que a luz solar não brilha mais para nós, pois não podemos divisar mais o Sol, do mesmo modo que há pouco, na nossa medíocre consciência de antiga época, nos era impossível ver-nos a nós próprios. Tudo que há ao nosso redor está mergulhado em perenes trevas; é no resplendor das estrelas do corpo de Dona Nuit (a maior expressão simbólica para a matéria), que nós outros vivemos, nos movemos e habitamos. Em seguida, desta excelsa altura, volvemos a nossa vista para o pequeno planeta Terra, do qual fazíamos parte até há pouco, imaginando que inundamos com a nossa luz todos aqueles minúsculos seres que até então chamávamos nossos irmãos e irmãs, agora servis escravos. Não podemos, porém, permanecer assim. Imaginai o que aconteceria se o Sol concentrasse, por um instante que fosse, todos os seus raios num exíguo local da terra! Ela começaria a arder em chamas, a consumir-se e por fim desapareceria. Porém na nossa consciência de Sol há Verdade e mesmo que sigamos com a nossa vista por um instante a pequena esfera que deixamos atrás de nós e que não existe mais, ainda assim continua a existir o que permaneceu.
No entanto, o que permaneceu? E qual foi a manutenção que houve convosco.
Começamos a compreender que “todo homem é um astro e toda mulher uma estrela”. Lançamos o olhar em volta e descobrimos o nosso patrimônio maior, o corpo despido de Dona Nuit. Cada vez mais nos avizinhamos dela, cada vez mais emergimos das trevas. Aquilo que, visto há pouco de um minúsculo planeta, nos parecia apenas pingos de luz, fulgura agora como imensos sois. São estes com efeito os nossos legítimos irmãos e irmãs, cuja verdadeira e radiante natureza não havíamos até então percebido. É isso, pois, o que “restou” daqueles que julgamos ter deixado muito atrás...
Infindos espaços hão por aqui: cada qual dentre nós percorre o seu próprio e certo caminho; tudo é alegria!
Si ainda tendes o desejo de retroceder e voltar à época passada, fazei-o, porém não deixeis de ponderar que todos que aqui vos circundam, são, na verdade, sois e astros, nunca pequenos e trêmulos escravos. Se vós próprias acaso não pretendeis tornar-vos reis, reconhecei, todavia, que os outros também têm igual direito à realeza. Quando, porém, vos surgir aspirações, rememorai apenas estas palavras: “Observe tudo do ponto de vista de um Sol! “.
Amor é a Lei, porém Amor consciente.
A morte encerra personalidade e transformação; se sois algo sem individualidade, algo que está acima de mutações e mesmo acima de imutações, que tendes a ver então com a morte?
A origem da individualidade é êxtase; essa também é a sua morte.
No Amor a individualidade anula-se; quem não tem amor ao Amor?
Ama outrossim a morte e deseja-a com fervor!
Deveis morrer diariamente!
Obs.: Mensagem escrita pelo Chanceler de Eckartshausen e revista pelo Mestre Therion; Publicação Gnose abril de 1936